quinta-feira, 25 de junho de 2020

O THETAHEALING FUNCIONA? • CONDENAÇÃO POR FRAUDE • Física e Afins

Mea Culpa



Vamos brincar de mea culpa?

Uma das verdades que mais tenho lido e escutado sobre a pandemia é que ela escancarou e exacerbou as diferenças sociais existentes no país. E tal comentário é seguido de outros, que podem variar, de acordo com a posição política do emissor da mensagem: "tá vendo o que esse governo elitista tá fazendo?" ou "culpa de PT, que ficou sei lá quanto tempo no poder e não fez nada!". Hipocrisia, transferência, miopia social ou cara-de-pau mesmo?
Não isento o governo, pelas diferenças críticas socioeconômicas que sempre existiram neste país. Desde a escravidão legal e socialmente legitimada até as políticas trabalhistas, quando não predatórias, desrespeitadas pelos empregadores e pouco ou nada fiscalizadas em seu cumprimento pelo poder público. Porém, admito que parte da culpa dessa desigualdade e da miséria de grande parte dos brasileiros é minha, enquanto elemento social.
Eu, sociedade estabelecida, trago nas mãos e na alma grande peso pela culpa, por cada vez que assisti a um telejornal na minha TV, falando sobre crianças famintas nas periferias tupiniquins e com os olhos embotados de culpa e lágrimas comi mais um pedaço de meu filé no jantar e nem me dei ao trabalho de ligar para meus amigos e vizinhos e tentar, pelo menos tentar, mobilizar a turma toda para levar alimentos a uma comunidade que eu sabia existir ali, pertinho de casa.
Carrego a culpa, por me preocupar de modo egocêntrico em correr atrás, de um bem material mais moderno do que aquele que já possuía, apenas pelo prazer de ter um objeto mais bonito ou melhor do que o do meu vizinho, quando o dinheiro gasto a mais, já que não me faria falta, poderia ter sido destinado ao alimento para alguém necessitado. Sou culpado, quando me nego a conversar sobre política "porque não gosto" e voto num candidato porque é meu parente, amigo ou porque o pastor ou padre mandou.
Enfim, sou eu, sociedade civil, tão culpado quanto cada governante relapso ou corrupto, que ajudei a eleger em minha falta de responsabilidade cidadã.
Gosto sempre de lembrar: políticos não surgem por geração espontânea, eles veem do seio do povo.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Sonho de João










"Ah, se eu fosse feliz", cantou João,
"se eu fosse poeta, músico, escritor,
se não carregasse toda essa dor
teria mais poesia no coração
do que trago dentro da cabeça,
pois na cuca tem sempre a voz
do outro a me dizer: se esqueça
e vai labutar pra qualquer algoz
que possa lhe pagar as contas
que lhe pague a uca pra ajudar
mais um dia segurar as pontas
pra poder seguir nesse lugar,
que nunca na verdade eu nem quis.
Esse jeito mal ajeitado de escravidão."
Desesperançado, só queria ser feliz,
escrever, poetar e ter música no coração.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Depressão



Porque não sabia chorar
ele sofreu e ressentido
sentiu-se meio assim perdido.
Mesmo estando em qualquer lugar
acabou assim meio deprimido.
Ressentido...perdido...deprimido
e a cada lágrima que não corria
asfixiava à noite e madrugada
e só pela manhã ao chegar o dia,
outro dia, havia um laivo de fé,
que durava pelo menos até o café,
até a primeira nota do jornal.
E ele a engolir mais uma vez o mal,
que emanava dali a roubar-lhe a paz,
a roubar-lhe o pouco que tinha de seu.
Só havia o caminho do fogão, do gás...
aberto, janelas fechadas, sono...morreu.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Glaucus atlanticus



Condenados ao Passado


Estamos invariavelmente condenados a viver no passado e para o passado.

Tudo o que falamos, o que contamos, o que expressamos diz respeito a coisas já ocorridas ou que serão ocorridas quando aconteceram e que não existem ainda.

Em verdade, para ser mais preciso, como o passado também não existe mais, resume-se a lembranças, assim somos apenas nossas lembranças.

Mesmo quando planejamos algo para realizar no futuro, não sabemos exatamente como ocorrerá, sequer sabemos, em verdade, se ocorrerá, posto que ainda não existe.

Os próprios planos, assim que os comunicamos em qualquer forma de linguagem, são conteúdos formados em nossas mentes no passado. E as realizações futuras somente estarão ocorrendo quando pudermos vivê-las. E cada nano-instante vivido, assim que for vivido também fará parte do passado, que já não existirá, a não ser na memória do experimentador.

Concluímos que o futuro só existirá, quando puder ser lembrado e aí deixará de ser futuro e será passado, que também não existe e apenas persistirá junto a um conjunto de outras lembranças.

Logo, quando planejamos algo para o futuro, estamos planejando tão somente as memórias que pretendemos carregar em nossas mentes, enquanto estivermos biologicamente vivos e mentalmente sãos (não pretendo questionar ou discutir, aqui, alternativas de ordens religiosa ou metafísica).

Talvez até seja esse o viés filosófico da Bíblia, no episódio sobre o sermão da montanha, que diz algo mais ou menos assim: “...Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.”

As lembranças poderão, inclusive, definir a própria condição mental, estrutural do indivíduo no futuro que ainda não existe. Lembranças pesadas podem levar a condições de desvios psicológicos, traumas e coisas assim. Lembranças leves, prazerosas, levam a condições de construção de novas lembranças positivas.

É...isso tudo é bem interessante. Vale a pena conversar e discutir sobre essas questões e quem sabe, estruturar um tratado, um belo trabalho, que ficará nas memórias dos participantes de tal construção e fará parte do presente de um futuro, que ainda não existe, para que possa ser lido e participar das memórias de gerações que ainda vierem.

E assim segue o ser humano, agradavelmente preso às cadenas do passado.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Sobre Beijos e Almas

                                          Foto do site infomoney.com.br


Os caros amigos, meus contemporâneos, já portadores de cabelos cinza ou prateados, mormente os homens devem se lembrar de uma máxima corrente entre as queridas damas da noite, que tantas alegrias trouxeram às nossas juventudes – e por que não também tanta sabedoria popular – lá pelos idos dos anos setenta. Bem, diziam o seguinte, praticamente em uníssono: “Fazemos tudo, menos beijo na boca! Beijo na boca a gente guarda pra quem a gente ama, porque amor é coisa da alma. E a gente pode vender o corpo, mas a alma não se vende de jeito nenhum.”

É claro que o tempo passou e as coisas mudaram muito, não digo que pioraram ou que melhoraram, mas algo é certo: os valores já não são mais os mesmos de outrora.
Hoje ainda existem as damas da noite, certamente. Se ainda guardam os beijos apaixonados para seus amados, enquanto ganham o pão vendendo seus corpos eu não sei, até porque já não tenho mais dezoito anos e não me convém entregar-me mais aos abraços da boemia, onde ocorriam bate-papos com músicos de boate, garçons de cabaré, amigos de copo e por que não prostitutas sorridentes e quase sempre pacientes, para ouvir lamúrias e desabafos de alguns amigos, entre um cliente e outro.

Mas tornando ao beijo e às mudanças, que porventura tenham ocorrido ao longo dos anos, observando os acontecimentos em nosso redor – falo de questões cotidianas e também políticas – notamos duas coisas interessantes: jovens de hoje em dia não consideram o beijo como o presente anímico que deva ser oferecido ao ente amado, como consideravam as nossas amigas "mariposas da paixão" de outrora. Então, entregam seus beijos a quaisquer pessoas, muitas vezes em curtos espaços de tempo, em troca da sensação efêmera do prazer de cunho unicamente sexual. Não critico nem aplaudo, cada geração com seus valores, hedônicos ou não; porém o mais interessante e o que parece não ter mudado é que as prostitutas não beijavam seus clientes na boca, porque tinham um princípio: vendiam seus corpos, mas nunca sua alma. Já os políticos, tanto os daquela época, como os de agora permanecem sem o menor escrúpulo na venda de suas almas.

Pode até ser que não se beijem na boca (pelo menos não em público), mas suas almas são negociadas diariamente e alguns nem sentem vergonha em mostrar os resultados da negociação, na maior cara-de-pau.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Reflexão sobre Monstros e Caçadores de Monstros


Tenho notado a agressividade gratuita e as ações profundamente truculentas de ambos os lados do 

muro. Concluo que a ignorância, no sentido popular pejorativo da palavra, ocorre muito à direita da

estrada, mas também está presente à esquerda. Apenas para lembrar:

"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se

olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."

Friedrich Nietzsche

Frases de grandes filósofos: Friedrich Nietzsche (1844-1900 ...

sábado, 13 de junho de 2020

Os Heróis Somos Nós

O que esperar de um contexto crítico como o atual, quando a única esperança de saída está fundamentada na união, no real significado de sentimento patriótico, que deve surgir e permanecer acima de quaisquer interesses pessoais, sejam econômicos, políticos ou de qualquer outra natureza, que não seja o senso de pertencimento a um grupo, que deve ser salvo e preservado a qualquer custo?

O que encontramos no país, no entanto, é um conjunto de grupos completamente divididos, alguns antagônicos politicamente entre si, outros preocupados com seus próprios interesses econômicos e alguns, ainda, indiferentes a tudo, explicitando uma ignorância, que chega a ser, nas atuais condições perigosa.

Até aqui, falamos da sociedade civil em geral, mas o que dizer dos gestores, dos dirigentes das unidades políticas e da nação como um todo? Refletem as divisões da população, buscando defesas dos próprios interesses, mormente políticos.

A crise revelou comportamentos e personalidades ou os teria criado? Em verdade, o evento da pandemia apenas reforçou situações e explicitou o verdadeiro perfil do brasileiro. E tal perfil não está nem próximo do chororô pela derrota de sete a zero contra a Alemanha ou da pseudo-comoção nacional, quando a Globo reprisa a última vitória do ídolo (e adoramos ídolos e heróis, tanto que vivemos criando-os aos montes, diariamente) Airton Senna. O que se revelou do perfil do brasileiro médio é que ele não tem a menor noção do que seja sentimento patriótico, pois nunca o teve. Somos descendentes e herdeiros (com exceção dos indígenas) de europeus, asiáticos e africanos. E passamos o tempo todo tentando reencontrar nossas raízes, descobrir nossas origens e apenas elas reverenciamos, quando deveríamos estar preocupados em construir as raízes das quais nossos descendentes deverão se orgulhar.

Não estou dizendo, que devamos nos esquecer de nossos antepassados ou que os esqueçamos. Devemos muito a eles, sim, mas se não encararmos a realidade, de que as terras de onde vieram não são mais as nossas e que eles, de um modo ou de outro vieram para cá para construir uma nova nação, mesmo aqueles que não tiveram escolha ou opção histórica, mas que se empenharam e deram o sangue para que pudéssemos estar por aqui hoje, não estaremos construindo o passado de nossos netos e bisnetos e demais descendentes.

Então, já passou da hora de mudarmos de comportamento. Sem abandonar a xenofobia, o racismo, o egoísmo, o egocentrismo, a homofobia, entre outros comportamentos igualmente destrutivos e se não olharmos para todos ao nosso lado como brasileiros, como nós mesmos, não sairemos desta situação pandêmica isentos de marcantes e profundas sequelas.

E mais, somente esse sentimento patriótico de que falo poderá nos dar forças para lutar contra o atual e outros governos despóticos que possam aqui querer se instalar.

Guardem: parem de procurar heróis, os heróis podemos ser todos nós, juntos, basta que mudemos nosso comportamento presente.


Serpente

É ferida, mas não morta a serpente.


Descansa , porém não completamente.


A serpente nunca morre em verdade.


Ali está seu filhote vivo na cidade,

na rua, de cada casa no seio,

cultivando as ideias da dormente,

tão cruéis e vivas em cada mente,

como se ora, neste exato momento

tivessem nascido. E seu mor intento

é acordar a mãe, que em sono aguarda,

o exato momento para vestir a farda,

coturno, quepe e tomar da espada,

ceifando liberdade de cada alma desavisada,

pois é ferida e por isso mais feroz e dura.

Ditará após seu sono como no passado

ditou o destino de toda a gente.

Portanto, atentos, não está morta a serpente.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Dia da Mulher... de toda mulher

por Glauco de Arruda

Para (quase) tudo é preciso que estabeleçamos critérios, referências e acordos. Sem isso surgirão discordâncias acerca de quaisquer temas, gerando discussões intermináveis sem um ou outro lado tenha razão. Sim, pois se não há referências nem critérios previamente acordados, a fim de que se defina o que vale e o que não vale, como estabelecer com quem está a razão?

Melhor um exemplo? Perfeitamente, vamos lá:

Uma vez estabelecida e acordada socialmente a referência sobre a definição de mãe, assim explicitada: “mãe é quem cria, não quem gera” será consenso, que todas, adotivas ou biológicas – em alguns casos até “pãis” – deverão ser homenageadas e louvadas na data reservada à lembrança da figura materna. Cheguei a me deparar, no último segundo domingo de maio, com uma propaganda de ração: “Mãe de pet também é mãe! Parabéns!”

Seguindo essa linha de raciocínio, lembro que no próximo dia 8 de março comemoraremos o Dia Internacional da Mulher. Pois bem, pensando em contextos atuais é fundamental que se criem referências e critérios aceitos pela maioria das pessoas ou pelo menos, que sejam formalizadas legalmente, para que possamos parabenizar todas as mulheres, sejam biológicas ou não, segundo tais critérios referenciais. Até para acabar com discussõezinhas tolas sobre temas dispensáveis, como: mulheres trans devem ganhar parabéns, flores, lembrancinhas, beijinhos, jantares, etc., no Dia Internacional da Mulher? Uns dizem que sim, outros relutam e dizem que não.

Se mãe é mãe, tenha parido ou não, desde que dedique sua vida à criação de outro ser humano, acolha-o com carinho, amor, alimente, oriente e proteja, até que mesmo à idade adulta continue a enxergá-lo como seu bebê, então deduzo:
seja você genotípica e fenotipicamente classificada cientificamente como sendo do sexo feminino ou não, se você se comporta como mulher, se enxerga como uma, é guerreira como sempre foram e são as mulheres, que enfrentam discriminações diversas, atitudes machistas, que trabalham duramente pelo próprio sustento ou pela manutenção física e pelo equilíbrio psicológico de seu lar e de sua família, mais ainda, se você luta pelos seus direitos e ainda consegue fazer tudo isso e muito mais sem perder a sensibilidade, a capacidade de amar e a esperança de que amanhã será melhor, então, você merece meus parabéns, não a cada ano e somente no dia 8 de março, mas todos os dias do ano.

Diante disso, registro aqui meus parabéns para todas vocês mulheres, trans - mulheres, mulheres homossexuais, heterossexuais, bissexuais e que tenham todo e qualquer subtítulo que queiram conferir ao título principal: mulher.

Crônica à Despedida


Glauco de Arruda

Se estiver à morte, só pretendo tomar tal consciência quando os sinais forem suficientemente visíveis.
Não pretendo, de forma alguma, tentar retardar ou arrogantemente alterar os planos da senhora das mortalhas.
Àqueles que me são caros e que espero também assim me considerem, peço que não lancem mão de seus bens materiais, para tentar alterar o rumo do inevitável. Não comprometam suas existências terrenas, seja por amor ou piedade, a fim de postergar um compromisso agendado e certo.

Creio ter tido o tempo necessário de existência e os recursos justos para realizar as coisas que me eram devidas. Caso não tenha alcançado algum objetivo, que eu mesmo tenha determinado ou não tenha feito coisas que em minha fértil mente porventura tivesse imaginado, não terá sido culpa do mundo, de outrem ou de falta de tempo. Maktub, diriam alguns médio-orientais.

Se não escrevi tudo e tanto quanto teria ou deveria ter escrito, talvez seja porque me perdi em meandros outros se não aqueles das letras, da filosofia, da literatura. E se percorri caminhos diversos daqueles que me indicavam os dons naturais, foi exercendo a máxima do livre arbítrio. Não posso me queixar dos resultados. Até que me foram favoráveis.

A maturidade, finalmente, serviu para me ensinar que confortos materiais, assim como tudo – situações, momentos, relações, atividades – são efêmeros. Acho que finalmente aprendi.

Peço, ainda, que não chorem por minha iminente partida, tampouco quando a mesma se concretizar. Solicito, no entanto, caso não seja pedir demais, que durante o tempo, após minha partida, em que eu ainda possa estar conservado como uma lembrança – porque essa condição também é efêmera – que leiam alguns dos poucos escritos que eu tenha deixado. Uma postagem nos infomeios; um trecho de um conto; uma crônica; uma poesia. Fazendo assim, caso exista consciência após a passagem desta vida, saibam tantos quanto o fizerem, deixar-me-ão feliz.

Em verdade, apesar de reconhecer não ter feito muito esforço para tal, ser lido sempre foi meu grande desejo nesta vida, mesmo que apenas por um tempo ou por um número limitado de pessoas. Mas acreditem, cada palavra que eu tenha lançado ao papel, sempre que lida por alguém, renovou em mim, ao longo da vida, a esperança de cumprir minha missão terrena.

Não sei se ora porto algum mal físico, que esteja me colocando diante dos últimos quilômetros ou metros do traçado desta vida, mas espero que esse pedaço que falta para caminhar possa me trazer o mínimo de dignidade ao espírito. Não me preocupo com o leito de um hospital público, mesmo que seja aqui nesta terra brasilis, com a pouca atenção de médicos ou enfermeiros, quando estiver próximo do desacordar. Oro, apenas, para que não sejam muitos os últimos suspiros e que a dor, caso esteja presente, seja plenamente suportável. De resto, a eternidade ou a inexistência eterna. Seja qual for, bem vinda!