quinta-feira, 18 de junho de 2020

Sobre Beijos e Almas

                                          Foto do site infomoney.com.br


Os caros amigos, meus contemporâneos, já portadores de cabelos cinza ou prateados, mormente os homens devem se lembrar de uma máxima corrente entre as queridas damas da noite, que tantas alegrias trouxeram às nossas juventudes – e por que não também tanta sabedoria popular – lá pelos idos dos anos setenta. Bem, diziam o seguinte, praticamente em uníssono: “Fazemos tudo, menos beijo na boca! Beijo na boca a gente guarda pra quem a gente ama, porque amor é coisa da alma. E a gente pode vender o corpo, mas a alma não se vende de jeito nenhum.”

É claro que o tempo passou e as coisas mudaram muito, não digo que pioraram ou que melhoraram, mas algo é certo: os valores já não são mais os mesmos de outrora.
Hoje ainda existem as damas da noite, certamente. Se ainda guardam os beijos apaixonados para seus amados, enquanto ganham o pão vendendo seus corpos eu não sei, até porque já não tenho mais dezoito anos e não me convém entregar-me mais aos abraços da boemia, onde ocorriam bate-papos com músicos de boate, garçons de cabaré, amigos de copo e por que não prostitutas sorridentes e quase sempre pacientes, para ouvir lamúrias e desabafos de alguns amigos, entre um cliente e outro.

Mas tornando ao beijo e às mudanças, que porventura tenham ocorrido ao longo dos anos, observando os acontecimentos em nosso redor – falo de questões cotidianas e também políticas – notamos duas coisas interessantes: jovens de hoje em dia não consideram o beijo como o presente anímico que deva ser oferecido ao ente amado, como consideravam as nossas amigas "mariposas da paixão" de outrora. Então, entregam seus beijos a quaisquer pessoas, muitas vezes em curtos espaços de tempo, em troca da sensação efêmera do prazer de cunho unicamente sexual. Não critico nem aplaudo, cada geração com seus valores, hedônicos ou não; porém o mais interessante e o que parece não ter mudado é que as prostitutas não beijavam seus clientes na boca, porque tinham um princípio: vendiam seus corpos, mas nunca sua alma. Já os políticos, tanto os daquela época, como os de agora permanecem sem o menor escrúpulo na venda de suas almas.

Pode até ser que não se beijem na boca (pelo menos não em público), mas suas almas são negociadas diariamente e alguns nem sentem vergonha em mostrar os resultados da negociação, na maior cara-de-pau.

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