sábado, 13 de junho de 2020

Os Heróis Somos Nós

O que esperar de um contexto crítico como o atual, quando a única esperança de saída está fundamentada na união, no real significado de sentimento patriótico, que deve surgir e permanecer acima de quaisquer interesses pessoais, sejam econômicos, políticos ou de qualquer outra natureza, que não seja o senso de pertencimento a um grupo, que deve ser salvo e preservado a qualquer custo?

O que encontramos no país, no entanto, é um conjunto de grupos completamente divididos, alguns antagônicos politicamente entre si, outros preocupados com seus próprios interesses econômicos e alguns, ainda, indiferentes a tudo, explicitando uma ignorância, que chega a ser, nas atuais condições perigosa.

Até aqui, falamos da sociedade civil em geral, mas o que dizer dos gestores, dos dirigentes das unidades políticas e da nação como um todo? Refletem as divisões da população, buscando defesas dos próprios interesses, mormente políticos.

A crise revelou comportamentos e personalidades ou os teria criado? Em verdade, o evento da pandemia apenas reforçou situações e explicitou o verdadeiro perfil do brasileiro. E tal perfil não está nem próximo do chororô pela derrota de sete a zero contra a Alemanha ou da pseudo-comoção nacional, quando a Globo reprisa a última vitória do ídolo (e adoramos ídolos e heróis, tanto que vivemos criando-os aos montes, diariamente) Airton Senna. O que se revelou do perfil do brasileiro médio é que ele não tem a menor noção do que seja sentimento patriótico, pois nunca o teve. Somos descendentes e herdeiros (com exceção dos indígenas) de europeus, asiáticos e africanos. E passamos o tempo todo tentando reencontrar nossas raízes, descobrir nossas origens e apenas elas reverenciamos, quando deveríamos estar preocupados em construir as raízes das quais nossos descendentes deverão se orgulhar.

Não estou dizendo, que devamos nos esquecer de nossos antepassados ou que os esqueçamos. Devemos muito a eles, sim, mas se não encararmos a realidade, de que as terras de onde vieram não são mais as nossas e que eles, de um modo ou de outro vieram para cá para construir uma nova nação, mesmo aqueles que não tiveram escolha ou opção histórica, mas que se empenharam e deram o sangue para que pudéssemos estar por aqui hoje, não estaremos construindo o passado de nossos netos e bisnetos e demais descendentes.

Então, já passou da hora de mudarmos de comportamento. Sem abandonar a xenofobia, o racismo, o egoísmo, o egocentrismo, a homofobia, entre outros comportamentos igualmente destrutivos e se não olharmos para todos ao nosso lado como brasileiros, como nós mesmos, não sairemos desta situação pandêmica isentos de marcantes e profundas sequelas.

E mais, somente esse sentimento patriótico de que falo poderá nos dar forças para lutar contra o atual e outros governos despóticos que possam aqui querer se instalar.

Guardem: parem de procurar heróis, os heróis podemos ser todos nós, juntos, basta que mudemos nosso comportamento presente.


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